sábado, 17 de julho de 2010

NA LUTA CONTRA A MENTE

Depois de retornar ao meu peso patológico, 93.7kg, resolvi retomar a minha luta. Usei aqui o termo "peso patológico" devido a uma única e estranha razão: comendo compulsivamente ou não, ao subir na maldita balança, está ele lá à minha espera, sempre os "indigestos" 93.7kg.

Que Deus é esse que nos bota no mundo para sofrer? Tudo o que é bom engorda. Se meu destino fosse  ser herbívoro, teria nascido em um pasto e andaria de quatro. Tem coisa melhor, mais saborosa, mais prazerosa que um bom e simples prato de arroz, feijão, batata frita, bife e farofa? Quem, em sã consciência, trocaria essa maravilha da culinária carioca por um prato de alface, rúcula e tomate? Ora, faça-me o favor! Então o que chamam de "saudável" representa castigo e proibições ao paladar??

E agora, depois de expressar toda a minha revolta com pesos e comidas, vamos ao que interessa: a Bulimia Nervosa. Algumas pessoas se enganam quando pensam o portador desta doença é aquele que após qualquer refeição sai correndo para o banheiro e enfiar o dedo na goela para vomitar tudo o que ingeriu. Estão profundamente enganados. Todos nós, que comemos compulsivamente, ficamos deprimidos após o banquete. Mergulhados num mar de autocensura, não paramos de nos peguntar: Por que eu comi tanto? Isso nada mais é do que a  Bulimia Nervosa em seu primeiro estágio.

A solução é um bom acompanhamento médico e muita força de vontade. A importância da família e dos amigos também é imprescindível. Não há nada pior para um bulímico do que um ambiente de estresse ou aquela situação em que ele encontra um "amigo" que não vê há algum tempo, e esse "amigo" manda aquela bela frase: "Você está mais forte, hein?" Forte é o caralho! Eu tô é gordo mesmo. O que vou fazer por isso, ainda não sei.
Sei que sigo em frente aqui com meu sofrimento, na dolorosa luta contra a minha mente e contra as sensações do corpo. É um impacto olhar paro o meu tenro prato, com 3 colheres de arroz e 2 de feijão. Isso me deprime, me choca e dói mais que a própria fome. "Mas é saudável!" - irão dizer. E mais uma vez vem a cabeça atentar: "Mas, por outro lado, é saudável a privação e o desprazer?" Quantas gramas de prazer escapam de nós junto com cada quilo perdido? Tente convencer um apreciador da boa gastronomia como eu, não só como gourmand mas também na criação culinária, que a felicidade é magra. Não conseguirá. Eu não luto contra a balança, que nenhuma culpa tem de me apontar a realidade numérica do meu peso, eu luto é contra a mente para entender o que é feliz e o que é saudável.

Nenhum comentário: