quarta-feira, 29 de abril de 2009

Quem teve um Fusca jamais esquece

Meu primeiro carro, assim como o de 90% dos indivíduos de minha geração, foi um Fusca - se é que se pode se chamar "aquilo" de carro. Não por ser um Fusca, mas pelo estado em que ele me foi entregue. Não importava, eu gostava do bicho. Companheirão de guerras e aventuras.

Lembro-me bem do dia em que trafegava com ele pela Barra da Tijuca, na companhia de T., e um motorista emparelhou a meu lado, sinalizando que havia algo errado. Ao parar, verifiquei que minha bateria - isso mesmo, a bateria - estava arrastando no chão, segura apenas pelos cabos. Também, pudera. O fundo estava tão apodrecido que a gravidade lançou-a ao chão. Faltavam ainda freios e outras partes assoalho. Mas como eu gostava do meu Fusquinha, mesmo depauperado. Tanto que resolvi transformar "aquilo" em um carro de verdade. Lanternagens, pinturas, mudanças de cor - realmente sua cor original não era das mais excitantes: aquele verde cocô de recém-nascido, manja? - e, finalmente o coração, a máquina que lhe daria forças.

O "fusquinha feio" se transformou então em um fusca lindo, charmoso e assustadoramente rápido, graças à ajuda dos amigos daqui do bairro, verdadeiros aficcionados por carros velozes. Não posso me esquecer da cara que fez um certo conhecido meu, do alto de seu Gol 1.8 GTS zero, recém-comprado, na época, quando se viu ultrapassado por um velho e inocente Fusquinha 1972. Só faltou espumar.

Um Fusca é um Fusca. Sempre será. Só pode entender sua importância quem já teve um. Seu destino era ser grande cúmplice das inúmeras histórias e aventuras da nossa juventude. Testemunha de juras de amor, esfregas e amassos nos Drive-in's da vida. Companheiro destemido de todas as viagens, a se embrenhar, sem cerimônia, por qualquer estrada esburacada ou enlamaçada, sempre se garantindo no final. Apertava cinco, seis, sete e quantos mais coubessem (com ou sem Rexona). E carregava todo mundo, espremido, porém feliz. Dentro dele ficaram as gargalhadas, a adrenalina, o suor e muitos segredos inconfessáveis. Ah, se meu Fusca falasse...




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Um comentário:

Tetê disse...

Muito massa esse post! Um fusca é um fusca, né?