sábado, 25 de abril de 2009

A minha primeira vez


Sempre me achei, de certa forma, um cara diferenciado, desde a adolescência. Por exemplo: enquanto meus amigos se entregavam às orgias da rua Alice - local onde funcionavam conhecidos prostíbulos, na década de 80 -, eu me esquivava desse tipo de jornada sexual, pois tinha, por princípio irrevogável, nunca comprar uma mulher. A consequência era ter de aturar historinhas de bravatas sexuais (algumas, com muitos pontos aumentados) no play do prédio e, com sorriso um amarelo, me fazer de não virgem e de 'falso malandro'.

Nessa época, estudava no Colégio Marista do Rio de Janeiro. Acreditem e pasmem, cheguei ao cúmulo de até pensar em ser padre. Frequentava retiros e seminários maristas, talvez em busca de alguma verdade que não existia. Confesso, ainda, que nunca fui muito chegado aos estudos. Não pelo estudo em si, mas pela imposição da coisa. Por isso, em um dos anos repeti, deparei-me com o primeiro amor de minha vida. Estava escrito.


Lembro-me até hoje do primeiro dia de aula, quando entrei na sala e... lá estava ela. De cara, percebi o interesse mútuo. T. era linda, loira, olhos azuis, um corpo invejável, mas carregava uma fama péssima, o que dificultava a minha aproximação. Durante um ano inteiro, fui alvo das chacotas de meus amigos.
Eu e T. nos tornamos amigos de classe. E essa amizade evoluiu tanto que, quando eu mudava de lugar na sala, no dia seguinte lá estava ela atrás de mim. E eu adorava duplamente, pois, sendo T. uma ótima aluna, houve dias em que até prova minha ela fez. Foi um ano de flerte e carinhos furtivos. Mas não passava daí. Até que, no final do ano, marcamos um trabalho em grupo em minha casa. Só que, do grupo, éramos, eu e ela, os únicos presentes ali. Eis que, trabalhos à parte, no momento em que apreciávamos a paisagem de minha janela, fui literalmente prensado pela bela, com a decisiva indagação: "Por que você foge tanto de mim?" E ali nasceu o nosso primeiro beijo, o meu primeiro amor e a minha primeira mulher.

Foram quase 5 anos de amor intenso e ardente. Se fosse contar minúcias, teria que escrever um livro. Mas o que importa é o epílogo: devo tudo o que aprendi como homem a essa incrível e inesquecível mulher.

A própria vida foi tratando de nos separar. Faculdade, novos amigos, novos interesses e... a sua gravidez não planejada. Em 1999, voltaria a encontrar T. em um grupo de estudos. Não teve jeito. Rolou uns beijos e depois outros, e depois mais. Porém, acabamos nos perdendo pelo mundo, mais uma vez. Também estava escrito.

Guardo, com carinho, fotos, momentos e lembranças de uma época que, como água que desce rio a baixo, não volta mais. Um rio nunca passa duas vezes no mesmo lugar. É bom não nos esquecermos disto e vivermos, com toda a intensidade, cada bom momento, como se fosse o primeiro e o último.
Continuação nos próximos capítulos. Aguardem.

2 comentários:

Professora Lu disse...

Você me surpreende!!! Gosto disso.
Beijos,
Lu

Noemi disse...

Amei esse post, a foto então hahahah 10!
BEijos irmão!